Fermoso Tejo meu, quão diferente


Tejo.Novembro 2004



Fermoso Tejo meu, quão diferente
Te vejo e vi, me vês agora e viste:
Turvo te vejo a ti, tu a mim triste,
Claro te vi eu já, tu a mim contente.

A ti foi-te trocando a grossa enchente
A quem teu largo campo não resiste;
A mim trocou-me a vista em que consiste
O meu viver contente ou descontente.

Já que somos no mal participantes,
Sejamo-lo no bem. Oh! quem me dera
Que fôramos em tudo semelhantes!

Mas lá virá a fresca Primavera:
Tu tornarás a ser quem eras de antes,
Eu não sei se serei quem de antes era.


Francisco Rodrigues Lobo, Poesias



5 Comments:

Anonymous Anónimo said...

quero uma analise desse poema

8:36 da tarde  
Blogger DE-PROPOSITO said...

Deambulei por aqui.
E desejo felicidades.

10:54 da manhã  
Blogger JOSÉ AMÂNCIO NETO - CORREDOR DA 3ª IDADE said...

Adoro este poema. Decorei quando era jovem e ainda hoje lembro praticamente todo!

11:15 da manhã  
Blogger JOSÉ AMÂNCIO NETO - CORREDOR DA 3ª IDADE said...

Adoro este poema!

11:15 da manhã  
Blogger ONG.GDASI. said...


Soneto escrito em meados do século XVII, que trata de mudanças (para pior) na cidade da Bahia, mais conhecida como Salvador, e no sujeito poético. A causa das mudanças seria o fortalecimento do comércio, especialmente a forte presença de comerciantes ingleses.

O soneto de Gregório de Matos parece basear-se no soneto “Fermoso Tejo Meu”, do poeta português Francisco Rodrigues Lobo


Triste Bahia! ó quão dessemelhante
Estás e estou do nosso antigo estado!
Pobre te vejo a ti, tu a mi empenhado,
Rica te vejo eu já, tu a mi abundante.

A ti tocou-te a máquina mercante,
Que em tua larga barra tem entrado,
A mim foi-me trocando, e tem trocado,
Tanto negócio e tanto negociante.

Deste em dar tanto açúcar excelente
Pelas drogas inúteis, que abelhuda
Simples aceitas do sagaz brichote.
Oh se quisera Deus que de repente
Um dia amanheceras tão sisuda
Que fora de algodão o teu capote!

11:13 da tarde  

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